viagem ao alto da casa
As
pernas já cediam sob os seus cinquenta e alguns quilos, embora não fosse o peso
o motivo da cedência muscular. Havia no corredor um burburinho de “bip’s” e
pessoas na sua azáfama de luta incansável. Passaram pelo local onde há uns anos
existia uma cafetaria, a mesma onde lhe compravam pãezinhos com sementes de
sésamo.
Virando
à direita estava o hall interior, reconfortante no seu embrulho branco, com a
longa escadaria a cruzar sete andares, e as portas de um cinzento metálico dos
elevadores a fornecerem vigília constante. O do rosto sisudo comprimiu o botão
contra o seu ninho, e daí a instantes chegou a cárrega pronta a armazenar seis
pessoas e mil e quinhentos quilos; O do rosto sisudo voltou ainda a comprimir o
botão do número sete, e no andar três entrou uma senhora de lenço na cabeça.
Por
fim, estancou a sua marcha no alto do edifício, e os quatro que lá iam saíram
para a divisão banhada de uma luz tão branca que feria os olhos. À esquerda,
meus companheiros.
E
pronto, o mesmo corredor com as mesmas caras. A sala de espera com os mesmos
brinquedos, uma ou outra tela nova com nomes assinados. Pintaram uma parede de
verde, e estava tão fresca e bonita!
Tal
como cabos rasos alinhados em frente aos seus comandantes esperando novas
ordens, tudo naquele lugar se mantinha numa ordem límpida e cândida, esperando
o inimigo de armas em punho. Os pequenos soldados ainda dormitavam.
era
cedo..
Gritavam
aos seus ouvidos recordações estranhas, embora íntimas. Fora daquele mundo
esperavam-na rebanhos de cordeiros simétricos, prostrados às vergastadas da
sociedade numa posição tão ridícula que merecia uma cuspidela em cada rosto.
Dançavam em pares ao som de uma qualquer música dos top’s, em acrobacias
medonhas e vergonhosas. Por vezes também berravam em uníssono, mas com a paz
prometida a uma guloseima, calavam a sua alma num silêncio de pranto fingido.
Vendem-se
por tão pouco, meus amigos.
Comentários
nunca fui boa com comentarios. so em filosofia
por falar nisso, nem m despedi do stor xD
beijinho*