grito da rebentação
-Diz-me
para quê!
Do
outro lado (se é que há outro lado), ele, o Ele que personifica o morto,
respondia. Agora, desse lado, tudo era claro...
E tão natural como correr ao desejo; tão natural como saciar a fome, como respirar. Apenas gozando a queda no derradeiro vazio, nu e vergastado por nada; ausente de qualquer coisa, de coisas, de tudo. E, no entanto, tão branco. Tão natural como respirar. Morrer como respirar. Como respirar oxigénio volúvel e fugaz; como se realmente a nossa aspiração consagrasse o vazio.
E tão natural como correr ao desejo; tão natural como saciar a fome, como respirar. Apenas gozando a queda no derradeiro vazio, nu e vergastado por nada; ausente de qualquer coisa, de coisas, de tudo. E, no entanto, tão branco. Tão natural como respirar. Morrer como respirar. Como respirar oxigénio volúvel e fugaz; como se realmente a nossa aspiração consagrasse o vazio.
E,
deste lado, a figura do padre foi distorcida pelo reflexo dos abetos enquanto
benzia o defunto. O coveiro desesperava sob o calor escaldante, dando à
multidão as últimas palavras enquanto consumia da sua tristeza matéria para se
manter a si mesmo vivo. Um necrófago vivo ao sabor da doce e inquietante
ironia.
Vénia a Miró, que dá sempre coisas tão bonitas.
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Obrigada pela atenção.