ao homem, que mora em toda a parte
.
Por
uma vez, usa a tua própria roupa e o teu próprio perfume. Desloca-te no teu
próprio veículo e sê aquilo que, para além de ti, mais ninguém pode ser. Nu.
Por
uma vez, agarra a esperança, entra em palco sem saberes as tuas deixas e sem
medo de errar ao improviso. Grita, se necessário. Constrói uma pessoa.
Despoja-te
de gente. E de preconceitos e dogmas. Não penses, não repudies o asco que
possas vir a sentir. Não tentes acalmar o ardor de uma chaga, nem atenuar a
corrente pudica que corre de uma úlcera.
Não
meças prós e contras, não procures diversão dissimulada. Esquece os vultos que
caminham a teu lado, fingindo que te ouvem. Não assomes à escuridão e não
negues a besta que mora no teu corpo: és tão animal como qualquer outro.
Humano, sê Homem.
Não
te cales. Não abafes o espírito agitado e crítico. Não te deixes acalmar com a
promessa de que um dia vai ser melhor. A hipocrisia não é solução.
Queima
prédios, papéis, dinheiro, trapos; reúne as fagulhas e deita-as ao abandono,
com o maior desdém.
Ignora
o que tens a ignorar e se, por fim, caíres no esquecimento, é porque, de facto,
o teu propósito foi cumprido. Vão detestar-te tanto que a tua índole
permanecerá imortal no desprezo.
Esquece-te
de ti.
Se
te lembras, logo no início, mandei-te despir.
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