maria má
(…) Decerto ainda havia mais alguém lá dentro, e
ele apostava que era uma mulher como nunca os seus olhos haviam de ver.
Não
se enganou. O olhar cru e amargo que o fulminou chispava crueldade, o rosto era
azedo e de aspecto lívido. As mãos apertavam um leque negro e a boca, um laivo
fino, ameaçava cuspir veneno em todas as direcções. Negou a ajuda do preto,
afastou o mirrado homem (provavelmente seu marido) e passou, soberana e austera,
as portas do peristilo, congelando a atmosfera à sua volta, esfriando e
silenciando toda e qualquer voz que se ousasse impor entre aquele passo de
Hades feminino, semeando um inexplicável terror. Um incrivelmente belo terror.
Trazia
um casaco colante de veludo de Génova, e um momento as lajes calaram transidas
de medo.
E no silêncio a voz de Craft murmurou:
-Très
étonnant!
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Ontem lembraram-me de Eça.
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