psychotic girl





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Tenho a declarar em defesa legítima da minha sanidade que nada no mundo suplanta em beleza a música que a pena canta ao arranhar a folha onde redijo todas as minhas impressões inúteis sobre as inúteis coisas da vida. Supérfluas. Gastas. Absolutamente irrelevantes. Como a cor das mãos do velho que me passou hoje o saco com a fruta na mercearia, a tristeza do cão que esfregava o focinho no lixo da rua X, o agitar das árvores ao gelo de Dezembro.
Nem mesmo o martelar das letras de metal na fita da tinta da máquina de produzir escrita pela força dos meus dedos.
E a seguir, mergulhar de novo a pena no frasco de tinta preta, repetir o processo e maravilhar-me pela sucessão do mesmo, vezes com conta, até que a conta se perca.
As linhas crescem, não páram de crescer, e o vício tinge-me as mãos, letra atrás de letra, traçando uma conversa que só o papel, na sua intimidade com o líquido vestido de luto que absorve, consegue compreender.
O traço escuro só agora foi começado.
                                                                                             
Obrigada.
Psycothic Girl, The Black Keys

Comentários

MoonlightShadow disse…
É bastante agradável saber que se está um bocadinho relacionado com a origem de algo tão belo

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