bate na tranqueta da porta
Sou
uma mão, par de outra, falo com os dedos dançando entre si. Somos unânimes na
função, e as palavras que fazemos circular entre nós não são mais do que verbos
circunstanciais.
Devoro
planícies imensas desmaiando longe, mesmo no âmago afundado da janela.
Planícies esmagadas pelo cinza sem escrúpulos de uma primavera adiada. Decoro as
casinhas de telhados afilados, as portas e as paredes escuras, os tijolos
grosseiros barrando a rua. Descrevo o braço no qual me insiro, para assim te mostrar
como os pêlos se erguem quando o frio é processado na mesma corrente nervosa,
como a pele se faz em grânulos únicos.
Subo
e desço, torno a um lado, torno a outro. No ar construo a minha irmã, sem
simetria, sem igualdade, manias próprias da irmandade.
Posso
tudo, até mesmo ficar calmamente pousada, quieta, sossegada, silenciosa.
mão morta mão morta
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