essencialismo
Interroguemos a essência, essa
característica intrínseca do ser e da natureza. Interroguemo-la como ao
condenado que na hora última se apresenta no purgatório, excomungado e
excomungando-se, na assunção ingrata de se achar réu sem advogado.
As leis jurídicas ainda não se prendem à
essência, mas com frequência a julgam. Como se a essência, que, dizia Sartre,
vem só depois da existência, fosse passível de leituras vagas e superficiais.
Vem de dentro, está dentro.
Faz-te homem. Homem. Homem com todas as
letras, inequivocamente soletradas, sem olvidar o h, que ser maiúsculo. Faz-te
Homem. Faz-te Humano. Existe, preenche-te, só então – e para mim então não chega - te poderás sentir na
capacidade de questionar essências. Como se.
Condenemos a essência. Não nos deixemos
ficar pela lista de perguntas, ainda que dentro dos parâmetros da constituição,
dos direitos humanos, porque se temos leis em papéis, para quê olhar às leis
interiores? Para quê uma leitura, por mais leve que seja, aos registos internos
do bom senso, da razão?
Não! Condenação, culpado, martelo na mesa,
o réu é culpado, o réu é condenado, o réu é culpado, o réu está julgado.
O réu está acabado. E este país não é o
seu. E estas regras não são as suas. E esta plateia, que aplaude, não tem nada
mais a acrescentar ao que sabia de antes.
Precede a essência, precede a essência.
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