a rumo
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Black Koyote – A Norte
Minimalista,
lentamente progressista e uma promessa de explosão que, felizmente, não se veio
a concretizar: Blac Koyote cresce e decresce e não precisou de palavras para se
fazer grande. É o tipo de eletrónica perfeito para um espaço intimista como o
MB, penetrante pelo ritmo, sem taquicardias de maior. Não é música que faça
dançar, mas incita a um movimento suave que poucos conseguem perceber.
É que vivemos
à espera do clímax, corremos ruas e mundos e fundos em busca de agitação; Blac
Koyote não traz nada disso, é corrida inglória e concretiza-se sem fim.
Perfeitamente anticlímax, diria. Foi assim um concerto em nota única, e por isso mesmo valeu.
Valeu ainda por marcar o meu regresso - o regresso ao que sou. Venceu por fim o cansaço. Morri! Uma vontade imensa de virar a página de mim própria e encontrar o capítulo que deixei em suspenso. É contraditório. Tantas teorias e filosofias depois, descubro que nas voltas que dei em torno do meu eixo, perdi o lugar do umbigo e o da razão também. Nem sabia onde tinha enfiado as emoções... Olhava para os pés convencida de que eram futuro e horizonte; mas estava irremediavelmente sem pés nem cabeça. Porque eu, tendo feito o que tenho feito, não preciso de nada disto. Há lutas e lutas e as minhas, amigos, são outras.
Portanto, venha daí uma bebida fresca e um lugar de onde possa apreciar, com aquela tranquilidade que se inspira em cada movimento de respiração, o que mais gosto: Beleza. E porquê beleza? Porque atrás dela vem tudo o que me completa: imaginação, teorias, arte, o homem bem feito e todos os exemplos do Belo que são, como tal, desculpa para que se crie e concretize, para que o mundo avance e se complete nas suas imperfeições. Para que eu, a pouco e pouco, me torne mais Humana, mais térrea, mais Mulher.
No
dia 22 de outubro de 2014, no MusicBox.