the lovers
by rené magritte
de repente, sem dar muito bem por isso, transformei-me num humano;
cara tapada e cabeça cega
olha o amor a ser assim
de repente, sem dar por isso
a toalha cai e ei-la nua na rua completa pela estrada sem sim;
tudo tão íngreme, incluindo a altura do som, o rufar do coração, que é também o
único órgão com direito ao grito
a tolha cai e ei-lo a enfrentar o medo dela
um, dois humanos, entrelaçados pela cintura ou, quem sabe, num
beijo cego de lábios cobertos
então, hoje é dia de contar dias, mesmo que o tempo não signifique
nada
mesmo que a terra não signifique nada
mesmo que se ignorem todas as pessoas e todos os sons e a poluição
do ar, da água, da alma
hoje é dia de puxar o lustro à memória e rezar pelo futuro
vemo-nos daqui a uns dias, na bélgica
porque, afinal, somos apenas lugares em movimento (que me lembrasse eu da física e não falharia na descrição precisa das nossas indefinidas deslocações)
e isto prova serem todos os lugares bons para que mores mais perto
(não exageres, que há uma margem de segurança)
(não exageres, que há uma margem de segurança)
portanto:
is anything as strange as a normal person? (arcade fire)