encontros volvidos

“–E até quando pensa o senhor que vamos continuar neste ir e vir dum caralho? – perguntou-lhe.
Florentino tinha a resposta preparada há já cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com todas as suas noites.
– Toda a vida – disse.”
O Amor nos Tempos de Cólera, Gabriel García Márquez

Conheci Gabriel vai para sete anos, pela fala do Coronel ao galo, e depois pelas putas tristes de outro. O importante, porém, foi esse primeiro encontro, que me inspirou e instigou, num tempo de inocência vaga, enredada entre tantos livros, entre tantos nomes, na confusão de matérias várias.

Conheci Gabriel ainda pela audácia de tentar completar um conto seu. Descobri imediatamente a seguir ao ponto final da minha vã tentativa que a estória se havia completado na medida em que era deixada em aberto, e abomino hoje o exercício de Português que nos exigiu acrescentar à obra uma miríade de palavras que nada traziam de riqueza. Ainda assim, olho para o cabeçalho dessa escriturice e leio o que me pareceu ser um elogio – “Ai se o Gabriel lesse isto…!” – e que agora me deixa a face polvilhada de uma sorrateira vergonha. 

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