exercício um

Nyon.
Há muito tempo que não me deixava passear. Assim de corpo aberto, como quem vai nua e não se importa. Todos os sons e todas as cores mortas do inverno batendo à porta da minha alegria inocente. Sentir essa emoção, a ventura da Natureza, despida e revestida de uma esperança que não se anuncia nunca antes da primavera, quanto mais num pranto triste de uma paisagem de fevereiro, num caminho que me leva onde talvez…

La petite paix dans une grande guère.
Ter medo da Morte. Não do corpo morto, mas da angústia da morte, do sofrimento inexorável que o precede, de estar face ao fim e dizer, Tenho medo. J’ai peur. Dizê-lo com os olhos abertos e o coração rompendo de desespero no peito. Sabe-nos a pouco a vida naquele instante, resumida no segundo delirante que vem depois de tudo, antes de nada.
E esse desespero de perder uma batalha, de não chegar a lado nenhum, de não conseguir agir porque… Nada está sequer perto do nosso controlo, do nosso conhecimento, da rapidez da nossa ação.

Lusofonia.
Entre Mia Couto e Miguel Torga, Jesusalém e Portugal, caminhar nas páginas de um livro, dois livros,  dividida entre um e o outro. Grande amor da minha vida: a lusofonia, inédita linguagem em que escrevo e leio, só nós dois, às vezes uma multidão de fantasmas literários, companhia trágica dos meus dias, das minhas noites, das minhas viagens com e sem lugares para ver e tocar.

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