ad infinitum
De
mãos enlaçadas no íntimo fosco do nosso retrato apagado, ou do reflexo
devolvido pelo espelho, ou pela acção criada nos objectos.
É
um anonimato que se estende e alastra como uma praga pestilenta que devora
nomes próprios e regurgita números solteiros.
Mas
o que inebria de estupefacta indignação, o que causa este tormento horrível de
morrer o corpo e com ele a alma, é que o mesmo que viaja comigo no autocarro em
que se perdem identidades conhece-me, e sabe de mim, e se enlaça nas minhas
mãos com as mãos que são minhas!
E
desse nunca sentirei a dor da perda, só a perda dolorosa. Porque sou Eu esta
realidade exaustiva de desconhecer tudo...
Realidade
de duvidar da posse do meu ente; de o perder, invariavelmente.
Desenlacemos
as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
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