vice-versa
“(…) Mas, irmãos, isso de estar a roer as unhas dos pés
até descobrir a causa da maldade, é
isso que me faz ser um bom máchico sorridente. Se eles não se interessam pelas causas do bem, porque se interessam pelo
vice-versa? Se as liúdes são boas, é lá com elas, gostam disso e não sou eu que
lhes desmancho os prazeres, mas vice-versa. E eu era advogado do vice-versa. Isto
sem levar em conta que a maldade faz parte do eu, do tu e do mim em
lidões-ai-dões. E o eu foi criado pelo velho Teos ou Deus, e constitui o seu
orgulho e radóstia. Mas os do não-eu não podem aceitar o mal. Quer dizer: os do
governo, e os juízes, e os professores. Eles não permitem o mal porque não
podem permitir a individualidade. E não é, irmãos, toda a história moderna, a
história de malenques mas corajosas individualidades em luta contra essas
grandes engrenagens? É a sério que vos falo, irmãos. Mas o que faço, faço-o
porque tenho gosto no que faço.”
Anthony Burgess, A Laranja Mecânica
O mesmo, num girar de imagens:
Stanley Kubrick, A Laranja Mecânica
***
Não sei se pelo dicionário novo, se pela carga ultraviolenta, a verdade é que é obra
para lavar a língua e os paradigmas idiotas e as normas mal explicadas.
Ah, e eu gosto muito de olhar para ti, Alex, com os teus
olhos esbugalhados e o copo de molco em riste, a saltar para este pequeno
planeta, em órbita há tantos anos, quantos os festejados por ocasião da tua
vinda.
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