a perder de vista
Cheguei ao topo da colina. Não, não é uma
colina, que as colinas são quase suaves demais para poderem sequer representar
este monstro de cordilheira onde agora me encontro. Isto é, não me encontro
realmente… estou por aqui, é um facto, mas, e a verdade irrefutável será
certamente esta, desencontrada.
De todos. De ninguém.
Num momento, é cheio, no outro, bebes o que
está no copo e, conforma-te: resta-te vazio dentro da muralha de vidro (como se). Tão vasto e vago, vazio.
Vazio, como quem diz: as nuvens
condensaram-se em redor do pico mais alto, com o branco estendendo-se por todo
o lado, fazendo a curva do horizonte, em malha intrínseca com o azul ciano e
reflectindo os raios de sol tão bem apontados. Percebe-se, creio, que, apesar do
mar plácido que me banha os pés, o que sobeja é nada, e onde antes conseguia construir
uma cidade inteira, agora há
Uma vez eu estava dentro de uma tenda com
mais uns milhares de pessoas, a música estava alta, tudo era um misto de
psicadelismo e histeria sobre-humana, intra-humana, tantos todos juntos que não
dei por me agarrarem a mão, por se estenderem sobre mim, por me tocarem, porém, mentiria se dissesse que não senti que me beijavam
agora há
Outra vez, fazia muito calor, alguém –
provavelmente um tipo consciencioso dos serviços municipalizados – ligou a rega
do jardim, e choveram salpicos sobre nós; outra mão agarrou esta, e junto do
carro vi que, não vi nada, porque outra mão asfixiava esta. Passou um louco pregando ao seu deus. Muito
calor, sempre muito calor, e a rega continuava aspergindo água para cima de nós, até que me beijaram
agora há
A lembrança de línguas estranhas aos meus
ouvidos dizendo, na efervescência do seu deslumbramento, iluminadas pela novidade,
és tão
borboletas voando, pingos caindo, olhos
fechados, memórias recalcadas porque – será sempre assim que se faz para poupar
a dor e outras agonias - as mais relevantes
são as primeiras a afundar
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