boca grande

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- Tens a boca grande. As meninas bonitas não têm a boca grande: as meninas bonitas ouvem e silenciam qualquer protesto. Não fazem perguntas tolas; aliás, não fazem perguntas. Escreve o que te digo, pequena: as meninas, para serem boazinhas, devem ser surdas, desde que leiam e decorem muito bem! Ah, obedecer, minha cara, obedecer é fulcral. Contudo, o que não podes mesmo fazer é tentar desviar o rebanho, pois as meninas bonitas não podem ser ovelhas tresmalhadas.
Anuiu de cabeça baixa. As bochechas, muito rosadas, vexavam perante o sermão.
- Por isso, vê se controlas essa boca grande. Vamos, não custa nada seres uma menina bonita. No final, prometo que te dou um chocolate.
Ao ouvir isto esboçou um sorriso ténue. A outra, do sermão, fez-lhe uma festa nos cabelos, como quem concede perdão a um pecador.
-Está bem, a partir de hoje eu vou ser uma menina bonita

Comentários

Anónimo disse…
Ainda bem que utilizaste o género feminino para a personagem que dá o sermão. Poderia ser mal interpretado.

Quanto ao que expressas, sabes qual é a minha opinião e vamos passá-la para algo mais físico, embora digital.
Anónimo disse…
Antes demais demonstro o meu apreço por todos aqueles cuja mente ainda não adormeceu sob o espesso véu da ignorância. Este espaço reúne todas as características que admiro e que cada vez mais se perdem em divagações: a coerência, a discussão, a interrogação... enfim, a necessidade da busca da razão.
Demonstro ainda a minha curiosidade quanto a alguns participantes deste blog (como é o caso da Rita), esperando conhecê-los em breve e puder, à semelhança do que faço contigo, alimentar a necessidade de ter conversas interessantes, e não meras dissertações vagas.
Quanto à noção de realidade atrevo-me a concordar com a Ana e defender a relatividade da realidade. Isto porque, sendo este conceito algo que surge a partir do Ser, e este vê a sua razão ser toldada por emoções, não serão as suas definições de conceitos abstractos subjectivas, e assumindo, por isso, diferentes significados sendo relativas a cada Homem, inserido numa determinada cultura? Bem deixo a questão como começo de uma conversa...

Ps. O polícia há-de continuar a sua vida, numa caminha com um término antecipado... A história quase está concluída. Ao fim de quase 15 páginas de divagações à sua morte foi o meio de terminar a sua história. Envio-ta assim que a terminar de passar, mas creio que não deva ser partilhada até considerações finais de quem me desperta para o erro.
Anónimo disse…
Concordo plenamente com o David, mas creio que já estamos demasiado "atados" a preconceitos e egocentrismos... um sem número de problemas levantados sem razão de ser.
Sê uma boa menina Nena, já que eu nunca o conseguirei ser. O que me caracteriza é a possibilidade de criticar o que vejo o que sinto, e mesmo o que eu chego a pensar. Quando o deixar de fazer já não serei eu... nem corpo, nem alma... uma mera sombra do que já fui.

Um Abraço terno à diferença!
Anónimo disse…
Descansa, caríssima Anónima (topo-te de ginjeira :D), haja ode à ironia, que eu fazê-lo-ei.

As feiosas são bem mais interessantes :D

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