regresso ao sol



Dam Mantle, Spirit
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Ele conseguia engolir colinas, prados e bosques refrescados pela verdura de fim de Inverno pela íris dos olhos, e gravar tudo isto, para depois reflectir e projectar nos meus olhos; estes últimos, térreos.
Conseguia, ainda, arrumar na sua mão um encaixe pleno para uma segunda mão – a minha. E no delírio do amor efervescente, concentrar aí a outra que do par natural que a cada elemento da humanidade diz respeito.

Ele tinha na cabeça o poiso certo do coração lírico que sempre era enunciado e anunciado pelos românticos, esses doentes da razão e escurecidos pela saudade, pelos sentimentos exacerbados, pela sede do outro. 
Tocava-me no nariz, inclinava-se até a testa tocar a minha, e cantava um sorriso baixinho, quase inaudível, numa daquelas frequências que só certos ouvidos captam e interpretam - referência óbvia aos meus.

Ele era tudo isso: um poço lunático e valente, que levava nos olhos a Natureza estampada. E é de dia que nos vemos melhor. Ou à noite, com o holofote lunar apontado certeiramente aos búzios espalhados no areal.

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