se fosse hoje, seria em grande

Não, não vamos visitar museus.
Vamos ressuscitar-nos. Reanimação pura incentivada por coisa parecida a coca ou anfetamina quando nos toca os bocadinhos de cérebro disponíveis para o assunto. Chama-se êxtase e é o resultado – orgásmico – de não ter corpo suficiente para conter toda esta alegria.
Desliga-se a televisão, puxam-se as pontas dos naperons e prepara-se chá para que arrefeça até chegares. Como duas velhas rendidas à vontade dos anos. Vamos beber todo aquele tweed que reveste a vontade de crescer além de todas as regras, pseudo-manipulações e conjunturas. Loucuras – que nunca passa de moda ser louco. Mas eu sou só a afirmação pura de estar viva. Viva. Viva. Sem loucuras, mas munida por forças que não têm tradução. Canso-me de o afirmar: as palavras são traste que pouco servem na hora de expressar isto.
Assim te digo: não vamos visitar museus, mas, se quiseres, a mochila é bem vinda. Sim, sim, mesmo que sejamos duas velhas cheias de bolor drogadas por todas e cada uma (geral e particular) das memórias que guardámos da juventude vivida em uníssono. Sem nada, porém, que nos ligue a nada. Uma suspensão do passado ao futuro. Um lugar comum contaminado por uma sucessão de outros lugares comuns. E é por isso que precisamos de ter onde guardar e carregar a matéria que nos faz o corpo continuar em declínio.


Quando estiveres cansada, deixamos de protelar o inevitável, para que o cliché mais deprimente marque o ponto final: morreremos felizes, enlaçadas de tal modo que não haverá princípio ou fim – apenas sucessão. Que se fosse hoje, seria em grande.

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