cordas e percussão
A
percussão cede lugar às cordas. Uma nota fantasmagórica dá o ribombar inicial,
que cessa logo e amotina a clausura do som. Tão soltas, tão livres. Não há nada
que as suje. Libertam-se do músico para nunca mais aparecerem; são consumidas
como se fossem água. Suavemente, cessam e retomam a sua actividade, enchendo-me
de prazer por me saber na posse de arte, música a sério, verdadeira.
Sinto-me
leve. Precursão. É sempre igual mas não enfastia como me enfastia o resto,
hormonas histéricas sempre iguais aos demais do pelotão. Soldadinhos nojentos,
não merecem a música que uma nota carrega, não merecem o gemido de dor expelido
pelos seus pulmões! Sim, de dor. Agonizante.
E o
que dói é pensar que não serei mais; é pensar, aliás, que já não sou porque,
inadvertidamente, apenas posso ser um "fui", e talvez, na verdade,
também um "serei". A conjugação dos verbos no presente não faz
sentido, não existo - nem sequer tenho tempo de o pensar, porque num instante
se devora o próprio instante: o meu corpo suicida-se.
Drástico,
irresolúvel, peganhento. Ah! Vida…
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Parabéns x)