pouca-terra muita-gente
Vai sentado do
lado da janela: dali é mais fácil entreabrir os olhos e ver montes e planícies
pulando em atropelo, correndo sôfrega, desenfreadamente!, no quadro de
vidro embaciado, enquanto mundo move dentro e se move ainda fora.
E esse tipo que se
senta à janela terá um caderno sobre os joelhos, uma mão apoiando o queixo e a
outra fazendo girar uma caneta, um lápis, um pauzinho de madeira.
As coisas, como
aconteceram, são simplesmente assim: as imagens saltitam na sua cabeça, comboio,
carris, rua – tudo é precipício da sua alucinação, uma nova forma de viajar
quando se está, tão-só, inebriado pela realidade, cansado da tendência,
exausto do loucura urbana, nauseado pela indignação geral (essa última moda, que
todos vestem por mais ridícula que assente às hostes), provocada até pelo
pulsar próprio de quem se afirma vivo.
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