regresso ao sol
Dam Mantle, Spirit
***
Ele conseguia engolir colinas, prados e
bosques refrescados pela verdura de fim de Inverno pela íris dos olhos, e
gravar tudo isto, para depois reflectir e projectar nos meus olhos; estes últimos, térreos.
Conseguia, ainda, arrumar na sua mão um
encaixe pleno para uma segunda mão – a minha. E no delírio do amor
efervescente, concentrar aí a outra que do par natural que a cada elemento da
humanidade diz respeito.
Ele tinha na cabeça o poiso certo do
coração lírico que sempre era enunciado e anunciado pelos românticos,
esses doentes da razão e escurecidos pela saudade, pelos sentimentos
exacerbados, pela sede do outro.
Tocava-me no nariz, inclinava-se até a testa tocar a minha, e cantava um sorriso baixinho, quase inaudível, numa daquelas frequências que só certos ouvidos captam e interpretam - referência óbvia aos meus.
Ele era tudo isso: um poço lunático e valente,
que levava nos olhos a Natureza estampada. E é de dia que nos vemos melhor. Ou à noite, com o holofote lunar apontado certeiramente aos búzios espalhados no areal.
Comentários