alice ao sol #8



Django Django, Waveforms

***
Que bom ver-te finalmente tranquila no teu sono. Não há noite alguma em que não te derrames nesse terrível confronto que travas com a tua consciência, em que anseias saber qual o preciso momento em que o teu cérebro te permitirá alguns instantes de relativo vazio.
A tua dormência fervilhante que vacila entre a vigília e o sono ocupa todo o espaço livre entre o pôr e o nascer do sol... Arrasta-se mormente sobre ti, infecta-te as pálpebras, que pesam mas não cedem. E todo esse bicho se alastra noite fora, o tempo condenando o descanso, o tempo condenando o sossego, o relógio devorando com o seu tique-taque desenfreado a calma que ainda te sobra do todo em parte consumido. Chega agora, ou então agora, será agora? 
Não há noite alguma em que adormecer seja, tão simplesmente, inquestionável.


Comentários

Anónimo disse…
O certo, o sempre, o nunca.

Não existem. Mas gosto de me levar por essas quimeras, que trago comigo nos bolsos a maior parte do tempo.

E, quando saio de casa, palpo-os três vezes.

Sinto-me seguro. E assim continuo até ao momento em que me recordo que não me recordo há demasiado tempo.

E se os deixei cair?

E três vezes palpo os bolsos e três vezes os acho vazios. Mas o pânico dura pouco, pois sempre os encontro aos meus pés e de novo os coloco, aos três, nos meus profundos bolsos.

Mensagens populares