be dead by tomorrow

Era só uma coisa neutra, tão apagada que se diluía num traço sem fim, quer espacial, quer temporal. Podia ser bom; afinal, ir até sempre e tão longe não seria necessariamente coisa daquela ruim. Mas depois (depois, depois...) vem a ausência de princípio e a incapacidade de lhe achar destino: não sabe para onde vai.

Nunca soube.

Os acontecimentos precipitam-se numa linha sem equilíbrio, que é existência amorfa onde não se vê mais do que o espaço neutral da sucessão dos mesmos dias, das mesmas rotinas absurdas.
Daqui a uns tempos irão os pés pisar outras terras. Pés sozinhos com o par somente por companhia. Talvez aí o lugar neutro seja um pouco mais preenchido. Para já, tudo é um tenebroso manto vago, de uma alvura que fere.


E já nem a cidade tem encanto. São as vicissitudes de janeiro: tanta promessa e todos os lugares ainda vazios. Tão frios. Para que estejamos mortos amanhã.

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